segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Londrina- Parte 1

 Na rodoviária um homem aproximou-se de mim,falou coisas que eu não entendia, evitei olhá-lo, querendo afastá-lo com a minha indiferença. Percebi que queria dinheiro, relutei em dar-lhe, mas não teve jeito, meu coração é mole para essas coisas. Saquei a carteira e lhe dei 4 reais. Ele disse à mim e para as outras pessoas próximas que precisava inteirar uma passagem de volta para casa. Estava vindo do Rio Grande do sul, onde foi visitar o filho doente.Disse que morava na Bahia, e continuaria ali na rodoviária até conseguir o valor da passagem de volta. Tinha a esperança de pegar o ônibus da meia noite. Entrei no ônibus, rumo a Londrina, e o homem afastou-se, procurando por mais "almas caridosas". 
Cheguei ao meu destino e fui procurar um lugar para sentar-me até a chegada do meu irmão que iria me buscar.
Moça! Chamou-me o chão. Não era o chão e sim uma pessoa, acocorada junto à parede.Ela estava com um bebê mole no calor, largado em seu colo, ao nível dos meus pés. Queria dinheiro para comprar o que comer. Eu disse que não tinha.Partiu-me o coração dizer isso, porém não há como ajudar todos que me pedem.
Percebi que basta sair de casa para ver tantas mãos estendidas clamando por ajuda.
Nessas horas é inevitável alguns questionamentos que surgem. 
São tantas disparidades sociais e econômicas observadas nesses momentos, que a vida parece cada vez mais absurda e sem sentido. Já pensei , por diversas vezes, que somos meros produtos do acaso, porém é difícil aceitar que possa haver alguma existência destituída de algum propósito.
À semelhança de órfãos vivemos questionando de que lugar  viemos, quem realmente somos e para onde vamos.
Parecem ser tantas perguntas sem respostas que é melhor pensar positivamente. Pensar que a vida tem significado, que não estamos sozinhos, que em algum lugar há um ser maior que cuida de nós e que pode acabar com todo esse sofrimento.

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